sábado, 5 de julho de 2008

Tia, eu? O:

Adoro contar histórias de como eu percebo a passagem do tempo, então aí vai mais uma:

Lembro que quando eu tava lá pela 6ª série, uma guria (eu só conhecia de vista, mas ela estudou com a turminha fashion da pesads rs da minha sala e bem, cidade pequena, sabe como é) engravidou. Ela tinha 13 anos na época. Bafão, não se falava em outra coisa, principalmente porque ela havia acabado de se mudar para uma certa capital. "Tá vendo, esse povo da cidade grande é tudo pra frente..." Eu também, com minha cabecinha de quem ainda estava largando as bonecas, achei um escândalo. Mas um caso considerado anormal logo é deixado de lado.

O tempo passou, e tinha uma outra menina, que a gente chamava de "Fly Away From Here" porque ela era a cara do Steven Tyler criança no clipe. O estereótipo da patricinha, daquelas que levam a conta do celular para a sala ou um álbum de 2kg só para mostrar sua viagem à Disney. Pois bem, não é que ela engravidou com 17 anos? Confesso que não me espantei tanto porque a via como uma miolo-mole. E daí em diante um monte de gente "da minha época" começou a engravidar também... mas, como acontecia com quem era considerada mais "saidinha" na cidade, isso não me rendeu mais que uns minutos de fofoca.

Chegou a época dos 18 aos 20 anos, que eu chamo de "fase da auto-afirmação": quem é gay sai do armário, quem bebe e fuma faz isso na frente dos pais, o povo começa a dar sem medo de ser considerada funcionária da Bete Cuzcuz... escola acabou, todo mundo se encaminha numa faculdade ou larga os estudos pra trabalhar. Começo a ver gente casando, se ajuntando, namorando. É hora de começar a encarar essas coisas com naturalidade, mas... a vida, meus caros, a vida é uma caixinha de surpresas!

Minha prima, melhor amiga de infância, daquelas que brincavam de barbie comigo, casou ontem! Fico feliz por ela, mas o caso me deixou pensativa; acredito que só agora a ficha tá caindo. Percebi que até então eu via as pessoas da minha idade ainda como garotos (talvez pelo fato de ainda sermos estudantes), e os "adultos" ficavam num patamar que, de alguma forma, impunha respeito e superioridade (talvez porque nossos familiares nos encaram assim, pois seremos sempre "crianças" aos olhos deles). Mas a verdade é que já estamos todos andando lado a lado. Se ter e criar uma criança não é mais um ato de irresponsabilidade para nós, todos os outros aspectos deveriam também ser considerados.

É hora de mudar definitivamente o olhar. E parar de achar esquisito quando as crianças do Zoobotânico me chamam de "tia".


Tia Lara (:P) e Sofia, ainda na barriga da mamãe.
Ela deve nascer em setembro.


PS: Tou um pouco atrasada, mas tem entrevista com Rafael Cortez e Danilo Gentili no blog do Podcast. Já estou sentindo certo vazio existencial com o fim da disciplina de rádio... mimimi.